terça-feira, 13 de julho de 2010

EPÍLOGO

A Copa do Mundo chegou ao fim. Foram 30 dias de jogos acirrados, disputas renhidas, imagens belas e inéditas, cobertura jornalística sem precedentes, inovações tecnológicas e muita discussão. O mundo parou para ver os astros do esporte mais popular do planeta desfilarem pelos gramados sul-africanos. E novamente pudemos constatar que, se o futebol é apenas um jogo, a Copa do Mundo é muito mais do que isso. Fora os aspectos técnicos e táticos, analisados por especialistas e pseudos, como diria o finado Paulo Francis, em sites, blogs, jornais, revistas e demais mídias, num esbanjamento de conhecimento teórico e de achismos às vezes estapafúrdios, pudemos notar o quanto o evento retrata a realidade dos países disputantes. Se prestarmos atenção, o mundo girou, por alguns instantes, em torno da competição. Na reunião dos países mais ricos do mundo, os jogos mereceram minutos de atenção dos chefes de estado. Líderes mundiais foram à África do Sul prestigiar suas equipes. O mundo foi uma jabulani, pelo menos nesses dias.

APENAS UM JOGO

Para quem acha que o futebol é a coisa mais importante das menos importantes, numa afirmação que roda por aí com um punhado de pais, a Copa de 2010 serviu para mostrar uma nova ordem mundial. Potências tradicionais como Itália e França demonstraram falta de preparo e indigência técnica. Saíram na primeira fase apontando desgastes e necessidade urgência de renovação, inclusive da mentalidade. Argentina e Brasil também demonstraram estar muito aquém das possibilidades e das expectativas criadas em torno de suas seleções. Os hermanos apostaram na divindade de Maradona e na qualidade de Messi, um dos poucos craques em atividade. Mas futebol é um jogo coletivo, em que é necessário equilíbrio entre os setores. O aproveitamento das peças individuais carece de organização tática, de conhecimento do comandante, do preparo físico e psicológico dos atletas. Isso vale também para o Brasil. Bons jogadores e autosuficiência não garantem títulos. Soberba e empáfia não ganham jogo. E falta de experiência pesa na hora de liderar um grupo. A Inglaterra entra no rol das decepções, pelos mesmos motivos citados acima. Ao contrário dessas, as seleções da Espanha, da Alemanha e da Holanda apresentaram futebol mais consistente, bem treinado e com mais recursos. Como sempre acontece em torneios como a Copa do Mundo, nos surpreendemos com equipes que julgamos pelo desempenho nos anos anteriores e baseado em nosso suposto conhecimento da realidade dos times. O Uruguai calou a boca de todos que apostaram na curta permanência no torneio, com um futebol dentro dos padrões uruguaios, e que havíamos esquecido. Enfim, foi a Copa do toque de bola, da paciência, da eficiência, dos erros de arbitragem, da quebra de paradigmas.


MUITO MAIS QUE UM JOGO

Enquanto nos gramados os atletas se enfrentavam na busca dos pontos e do caneco, fora deles houve uma grande festa. A África do Sul foi apresentada de maneira mais ampla e profunda ao mundo. O antigo país do apartheid mostrou sua face mais alegre, festiva, animada, orgulhosa. Problemas sociais convivendo com avanços e uma estrutura que surpreendeu à maioria. Torcedores de todos os países fizeram do torneio uma ocasiao de congraçamento e de alegria. Milhões de dólares foram gastos, boa parte deles em estádios que se tornarão obsoletos, fora o que escorreu por bolsos diversos. Mas a economia girou, a televisão atingiu um número de expectadores equivalente à população da Terra, produtos infindáveis foram comercializados com a marca do mundial. As seleções demonstraram ser as pátrias de chuteiras, parafraseando Nélson Rodrigues, e os jogadores se tornaram embaixadores do estilo de vida de cada nação. A emoção dos artistas da bola deu o tom exato da importância que é a Copa do Mundo, onde cada lance, cada gol, cada uniforme, cada cor, cada comemoração, representa algo que supera, e muito, o simples jogo.

REFLEXOS

ESPANHA

A conquista espanhola fez justiça à equipe que mais privilegiou o que gostamos de ver e chamar de futebol. Toque de bola refinado, organização tática, união entre os jogadores, consciência no controle de jogo. Falta-lhes mais contundência, porém isso não diminui o mérito, apenas mostra que ninguém atinge a perfeição. Em muitos aspectos lembra a seleção da França dos anos 80, comandada na época pelo genialk Michel Platini, ou a Colômbia de Valderrama. O país hoje é um dos pilares da economia européia. Suas empresas estão em toda parte, grandes corporações comandam setores estratégicos em vários países, e no esporte vão atingindo o clímax em várias modalidades, num misto de técnica e raça que dão o caminho para o sucesso. Podemos afirmar que a Espanha, hoje, é uma grande potência econômica e esportiva, e caminha a passos largos para atingir o mesmo patamar na política.


HOLANDA

A Holanda fez o que dela se esperava antes da Copa. Uma nação alegre, liberal, com um estilo de vida invejado por muitos e que ainda hoje causa estranheza para a maioria. Em campo também são assim, e se conseguiram o terceiro vice-campeonato de sua história, foi apenas porque tiveram o azar de enfrentar, tal qual em 1974, uma equipe tão boa ou até melhor do que ela.


ALEMANHA

A Alemanha, com seu futebol rápido, envolvente e objetivo, capitaneado por jovens revelações, é outra que justificou seu eterno favoritismo, acrescido de ingredientes que julgávamos extintos no país, como a técnica, a raça e uma certa dose de irresponsabilidade. Os alemães mostraram em campo a alegria de uma nação que a cada dia se rejuvenesce, disposta a esquecer o passado nebuloso e reafirmar a característica de um país poderoso, rico, que ocupa a linha de frente da geopolítica internacional.


URUGUAI

Grande surpresa da Copa, o Uruguai provou que tradição e camisa podem até não ganhar título, mas dão a quem atua sob seu escudo a confiança necessária para superar obstáculos. Um time técnico, com poucos recursos, uma dedicação e uma raça incríveis, bem de acordo com sua história vitoriosa. A Celeste Olímpica voltou ao cenário mundial em grande estilo e consagrou Diego Forlán como craque da Copa. O futebol uruguaio talvez não aproveite esse momento, já que o país é pequeno e não tem tanta oferta de jogadores acima da média como antigamente. Mas experimentam um período de crescimento econômico, com bons índices sociais, e a campanha na África do Sul pode catalizar a onda de otimismo e empolgação que se segue ao resultado.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

POEMA

Em homenagem à final inédita da Copa do Mundo, publico aqui um belíssimo poema de Leila Diniz, musicado por Milton nascimento. Consta do disco Sentinela, lançado pelo Bituca em 1980 e um dos grandes momentos do cantor. Podem crer que esses versos ainda vão rodar muito por aí por causa desta finalíssima.

"Brigam Espanha e Holanda / Pelos direitos do mar / O mar é das gaivotas / Que nele sabem voar / Brigam Espanha e Holanda / Pelos direitos do mar / Brigam Espanha e Holanda / Por que não sabem que o mar / Por que não sabem que o mar / Por que não sabem que o mar / É de quem o sabe amar".

SEMIFINAIS

HOLANDA 3 X 2 URUGUAI

Excelente jogo entre duas equipes diferentes em tudo. O Uruguai compensa a pouca técnica e a limitação do elenco desenvolvendo um futebol de muita raça, dedicação e empolgação. Os destaques individuais são poucos e o time chegou ao limite. Parabéns aos charruas, fizeram bela campanha e merecem todas as honras. A Holanda fez por onde garantir sua vaga. Venceu todas as partidas na Copa, eliminou o Brasil e mostrou futebol rápido e envolvente. Não vale a pena comparar com a histórica Laranja Mecânica, mas honrou a herança de seus craques passados.

ESPANHA 1 X 0 ALEMANHA

O Jogo mais aguardado decepcionou um pouco. A Alemanha abandonou o atrevimento e a categoria mostradas até então, ficou esperando a Espanha cometer um vacilo e acabou eliminada por uma equipe que tem entre suas virtudes justamente o baixo índice de erros. Os espanhóis mereceram a vaga, jogam o futebol mais bonito e agradável, correto, com toques precisos e perfeita consciência tática.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

QUARTAS-DE-FINAL

URUGUAI 1 X 1 GANA (4 X 2 NOS PÊNALTIS)

Grande jogo entre os bicampeões de outrora e os únicos representantes africanos. Gana saiu na frente e viu os uruguaios empatarem. Foi um confronto de força física e de superação. Gana chegou onde poucos imaginaram no torneio. O país tem bons jogadores, mas a seleção se mostrou frágil taticamente e sem confiança. O Uruguai é o oposto. Time altamente confiante, com as tradicionais garra e determinação, além de alguns jogadores em estado de graça, especialmente Forlan. Nos pênaltis pesaram a maior experiência e categoria dos celestes.

BRASIL 1 X 2 HOLANDA

Duelo entre duas escolas de futebol bem jogado. O Brasil, de tanto mudar o estilo e se levar mais a sério do que precisava, abdicou da leveza e da categoria. A Holanda manteve sua postura agressiva e privilegiando a velocidade e objetividade de seus atacantes. A seleção brasileira passou a atuar pragmaticamente após um primeiro tempo quase impecável. Nervosos, os jogadores brasileiros esqueceram o futebol no vestiário e erraram no segundo tempo tudo o que não haviam errado na Copa. A Laranja se aproveitou e virou o jogo de forma contundente e irretocável.

ALEMANHA 4 X 1 ARGENTINA

O confronto mais aguardado do torneio mostrou uma seleção alemã absolutamente implacável. De futebol rápido, envolvente, solidário e com impressionante aplicação tática e leitura de jogo, os germânicos não tomaram conhecimento dos argentinos. A seleção de Maradona tentou fazer seu jogo de toques rápidos e calcado na categoria e talento dos jogadores de meio e ataque, mas não encontrou espaço. A equipe alemã, vista das tribunas pela primeira ministra Angela Merckel, representa hoje o que é o país, ou seja, jovem, fervilhante, empolgado, seguro, uma das maiores potências econômicas e políticas do planeta. Já a Argentina provou que pode se dar espaço para o talento e habilidade, mas nunca se deve esquecer que o jogo requer organização e segurança defensiva. Os hermanos fizeram bom papel e resgataram a figura de Maradona, um ídolo acima do bem e do mal, que andava de mal com a vida e agora está de volta ao panteão de onde não deveria ter saído.

PARAGUAI 0 X 1 ESPANHA

Um jogo interessantíssimo e imprevisível, repleto de emoções. O limitado Paraguai, dono da melhor defesa da competição, contra a favorita e superestimada Espanha. Só poderia ser placar magro e sofrido. Mas o jogo teve todos os ingredientes para quem gosta de emoção e sofrimento. Dois pênaltis perdidos, um para cada lado, e em sequência, atearam fogo à disputa, que só foi definida num gol chorado do artilheiro Villa, a poucos minutos do fim. Classificação merecida para a Espanha, e um castigo para os bravos e aguerridos paraguaios. Não se pode viver somente de defesa e é preciso chegar ao gol para vencer uma partida.

terça-feira, 29 de junho de 2010

OITAVAS-DE-FINAL

Oito jogos colocaram frente a frente as seleções classificadas após a primeira fase do mundial. Dois clássicos de grande rivalidade e alguns confrontos interessantes e imprevisíveis.

URUGUAI 2 X 1 CORÉIA DO SUL

Confronto entre a tradição e garra uruguaias com a tradição recente e correria dos coreanos. Foi um jogo muito legal de se acompanhar. O Uruguai tem um time forte, agressivo e com uma dedicação impressionante. Já a Coréia do Sul alia a velocidade da escola asiática com o pragmatismo europeu. Durante boa parte do jogo manteve a maior posse de bola e a maioria das ações ofensivas, só que careciam de mais qualidade. Esse não é o problema do Uruguai, que é uma equipe segura, autoconfiante e que conta com alguns atletas acima da média. O placar de 2 a 1 para os "charruas" foi justo e merecido.

ESTADOS UNIDOS 1 X 2 GANA

Jogo bom, movimentado, confrontando duas seleções absolutamente distintas, mas com histórias semelhantes na competição. Ambas se garantiram na última rodada entre as classificadas e correram por fora em seus respectivos grupos. Os Estados Unidos apresentaram um futebol bacana, de muita marcação e aplicação tática, aliadas a uma coragem e uma determinação incomuns. Sempre saíram em desvantagem no placar e correram atrás da reversão. Desta vez não conseguiram. Gana foi a única representante africana na segunda fase, e fez bonito neste jogo. Foram pra cima, suportaram o maior volume de jogo dos americanos, que empataram após os ganeses abrirem o placar no início da peleja, e fizeram um gol na prorrogação, num contra-ataque fulminante. Classificar para as quartas-de-final já iguala a melhor colocação de um time africano em Copas, como ocorreu com Camarões e Senegal. Pegam o Uruguai e jogam pelo continente.

ALEMANHA 4 X 1 INGLATERRA

Grande clássico europeu e mundial, Alemães e ingleses travaram árduas e impressionantes batalhas ao longo de suas histórias. A rivalidade entre Normandos oriundos da Germânia e os Saxões, que esteve na gênese da Inglaterra, passou para os campos político e militar nos séculos seguintes. No futebol a rivalidade ficou mais acirrada na decisão da Copa de 1966, quando os ingleses levaram melhor, com direito a um gol ainda hoje contestado. Pois a ironia do destino quis que as duas grandes potências voltassem a se enfrentar nesta Copa, e os germânicos levaram a melhor. A goleada acachapante não só premiou a melhor equipe, mas revolveu a polêmica de 66, já que houve um tento não assinalado pelo árbitro em favor dos britânicos em condições incrivelmente semelhantes. A Alemanha assegura sua vaga e seu lugar entre os maiores favoritos para a conquista do torneio, enquanto os ingleses voltam para casa cheios de dúvidas.

ARGENTINA 3 X 1 MÉXICO

Um jogo entre o mais forte e o mais fraco. A vitória argentina era esperada e não precisava da ajudinha da arbitragem, que validou um gol de Tevez em flagrante impedimento. Mas o time do marrento Maradona está brilhando, com um futebol bonito e objetivo. Os argentinos são exuberantes, arrogantes, atrevidos, briguentos quando precisam. Já os mexicanos chegaram até onde podiam. Falta qualidade e competitividade. O time não é ruim, nem mal treinado, apenas esbarrou numa equipe mais bem provida de talento e mais preparada para uma competição como essa. Volta aquele velho problema da falta de autoconfiança e força.

HOLANDA 2 X 1 ESLOVÁQUIA

A Holanda ainda não mostrou nesta copa a fama que carrega, e nem justifica a herança da alcunha dada para a equipe de 74, Laranja Mecânica. Tem um futebol solto, ofensivo, mas ainda pouco inspirado. Mas eles são movidos por uma autoridade e uma autoconfiança que geralmente só encontramos nas equipes campeãs. Pocas seleções representam tão bem sua nação como a Holanda, em tudo. Da abrangência genética ao estilo e à postura dos atletas, dentro e fora do campo. Os eslovacos são duros, aplicados, ofereceram perigo, mas nada que ameaçasse a vaga holandesa para as quartas. E lá vamos novamente ver um duelo entre Brasil e Holanda.

BRASIL 3 X 0 CHILE

O Brasil não tomou conhecimento do Chile. Atropelou a equipe do louco Bielsa com um futebol seguro, forte, rápido e de habilidade. A seleção brasileira é a única que entra em campo sem demonstrar qualquer sinal de apreensão ou de temor, mesmo respeito, ao adversário. Tem sempre um ar de quem está certo da vitória. O Chile mostrou porque ainda não pode ser encarado como grande força do futebol. Se tem um jogo bacana, ofensivo, despreocupado, perde justamente na falta de seriedade e de competitividade. Mas faz alguns dos jogos mais legais da atualidade.

PARAGUAI 0 X 0 JAPÃO (5 X 3 NOS PÊNALTIS)

Jogo fraco tecnicamente, mas que exigiu muito ada parte física dos atletas. O Japão não repetiu as boas atuações da primeira fase e ainda esbarraram na segura e consistente defesa paraguaia. Os sul-americanos não possuem ataque produtivo, mesmo com bons jogadores, e compensam tudo com uma qualidade defensiva impressionante. Primeira decisão por pênaltis da Copa, e premiou a competência dos guaranis. O Japão fez belo papel na competição, mostrou futebol técnico e habilidoso, e já deu provas de que em breve será adversário duríssimo para quem quer que seja.

PORTUGAL 0 X 1 ESPANHA

Na história portuguesa os vizinhos ibéricos sempre foram os primos ricos e poderosos. O pequeno país peninsular que nos colonizou já foi até mesmo governado pelos espanhóis, ainda lá nos primórdios. Mas segue, consciente ou inconscientemente, meio que submisso à Espanha. Enquanto esses já se inseriram entre as grandes economias globais e adquirem importância política cada vez maior, nossos patrícios continuam sua lenta e, às vezes, atrasada, corrida rumo ao primeiro mundo. No futebol as coisas funcionam de maneira similar. A Fúria é uma das grandes seleções da atualidade, com uma equipe habilidosa e extremamente técnica, considerada uma das favoritas para a conquista do título. Portugal, por sua vez, busca uma forma de jogar competitiva, que compense a saída de Luís Felipe Scolari. Com o treinador brasileiro os lusos chegaram às semifinais da última Copa. Só que o time agora não conta com a boa safra de alguns anos atrás, e tem em Cristiano Ronaldo um craque isolado, sem conseguir mostrar em campo tudo o que rendeu no Manchester United e hoje rende no Real Madri. O equilíbrio visto no primeiro tempo se esvaiu na segunda etapa. A Espanha passou a dominar a partida e fez aquele tradicional jogo de paciência até o gol salvador do artilheiro Villa. A história segue seu rumo, com os portugueses subjugados por seus vizinhos.

GRUPO H

Como imaginava, foi um dos mais disputados e imprevisíveis grupos da Copa. Por pouco a Espanha não cai fora, vítima da precisão suíça. E os chilenos de Bielsa, atrevidos e malucos, como seu treinador.

ESPANHA

Com um futebol bonito, de muito toque de bola e movimentação constante, chegaram à África com imensa expectativa e grande favoritismo. Mas caíram diante dos suíços logo na estréia, obrigando a mudar os planos em plena disputa. Venceram Honduras sem tanta força e penaram para suplantar os chilenos. Mas tem um time bom de ver jogar, com alguns jogadores de alto nível. A Espanha hoje é uma das maiores economias da Europa, com uma sociedade avançada cultural e socialmente. Os jogadores espanhóis são inteligentes e finalmente mostraram unidade e respeito à bandeira espanhola.

CHILE

O Chile há muito tempo vem mostrando um futebol vistoso, atrevido e cheio de confiança. Por pouco não terminam o grupo na liderança e deixaram a impressão de que podem ir longe ainda neste mundial. Só que vão encarar o Brasil nas oitavas e aí podem abreviar sua participação na Copa. O País recentemente passou por um trauma enorme, devido a um terremoto que afetou boa parte da população. Mas passam por um momento histórico importante, com a economia crescendo e o nível de vida dos cidadãos também. Em campo os jogadores demonstram orgulho e alegria, além da motivação dada pelo seu hiperativo treinador.

SUÍÇA

Uma vitória sobre a Espanha logo na primeira rodada provocou uma reviravolta no grupo. Como sempre amparados numa defesa intransponível e apoiados por alguns destaques individuais, os helvéticos deram à Copa a primeira zebra e por pouco não mandavam pra casa os favoritos espanhóis. Não conseguiram marcar um gol sequer em Honduras e acabaram indo embora frustrados. Com a tranqulidade de quem vive numa ilha de exceção em uma Europa cada vez mais afundada em crise, não mostraram temor e nem nervosismo. Mas o excesso de pragmatismo e a pouca vocação ofensiva custaram caro e por isso ficaram no meio do caminho.

HONDURAS

Honduras não foi à Copa pensando em se classificar, mas eu acreditava que seriam adversários mais duros. Mostraram um futebol pobre, ingênuo e pouco competitivo. Pareciam órfãos de alguém que os comandasse melhor e incutisse a competitividade que se exige numa Copa do Mundo. Quando empataram com os Suíços perceberam que poderiam até engrossar diante dos demais adversários, mas aí já era tarde.

GRUPO G

A chave do Brasil-sil-sil, tudo aconteceu mais ou menos como se previa. Decepcionantes os time de Portugal e Costa do Marfim. Falta muito ainda para estarem entre os grandes.

BRASIL

Falar o que dos eternos favoritos. Muitos criticam o treinador brasileiro pela maneira com que coloca o time para jogar e pela não convocação de atletas mais habilidosos. Mas o país todo tem passado por um processo de amadurecimento, que inclui a aquisição de mais espaço internacional, baseado na austeridade e na seriedade no trato da economia e de assuntos geopolíticos. Aos poucos vamos deixando para trás a imagem de república de bananas e de país subdesenvolvido, e mostramos uma faceta mais séria e comprometida com os valores contemporâneos. Naturalmente o futebol da seleção reflete essas mudanças, ainda que, nesse caso, não seja isso algo tão positivo. Mesmo assim, é algo inexorável, que vem acontecendo naturalmente. Nos tornamos mais pragmáticos, mais racionais e mais seguros. O técnico apanha de tudo quanto é lado, mas não abandona a pose de guerreiro, sempre de cara amarrada para todos, mas com uma determinação e tenacidade que sempre vimos e admiramos em nossos vizinhos continentais. Tem tudo para chegar mais uma vez à finalíssima.

PORTUGAL

Os patrícios mostraram um futebol burocrático, sem imaginação e cheio de marra. Garantiram vaga na próxima fase por que tem jogadores de qualidade e o time não é ruim. Mas não se encaixaram e voltaram a mostrar a velha insegurança e falta de confiança, coisa que não havia quando foram comandados por Felipão. Portugal parece que não consegue se ver entre os grandes, e isso não apenas no futebol. Na política européia agem como figurantes e carecem de mais poder e autoconfiança.

COSTA DO MARFIM

Com vários jogadores de boa quaalidade, ficaram reféns do esquema fechado e medroso do seu treinador, o experiente Sven Goran Erickson. Os páises africanos ainda não conseguiram aliar a força e a habilidade naturais a uma forma de jogar equilibrada e organizada. A Costa do Marfim tem talvez o melhor elenco do continente, porém esbarraram nas próprias limitações e saíram prematuramente da competição.

CORÉIA DO NORTE

Não se esperava muito dos misteriosos norte-coreanos. Mostraram um futebol inocente e inexperiente. Correria apenas não garante nada, e saíram derrotados nas três partidas. Bem que endurecweram contra o Brasil, mas levaram uma sonora goleada dos portugueses.

GRUPO F

Quando falei a respeito deste grupo, disse que era dos menos atraentes. Estava certíssimo. Jogos ruins, ou feios, e uma surpresa nem tão grande assim, a desclassificação da Itália.

ITÁLIA

A bela campanha nas eliminatórias e o título ganho na última Copa faziam da Itália uma das favoritas à conquista do caneco. Mas o futebol apresentado pelos comandados de Marcelo Lippi foi de dar vergonha. Um time sem imaginação, sem preparo e sem talento. Não que os jogadores fossem ruins, mas é daqueles casos em que tudo parece estar no lugar errado. Na verdade a seleção italiana é um retrato fiel do país da bota. Tradicionalmente conturbado politicamente, há anos sob a batuta de um primeiro ministro esquisito, milionário, excêntrico e apegado a escândalos, com um campeonato de futebol decadente e recheado de histórias de manipulação de resultados e outras falcatruas, e um processo de renovação lento, não espanta a equipe voltar mais cedo pra casa. Pode ser o início de uma nova era num dos principais centro de futebol do planeta.

PARAGUAI

Essa era uma vaga quase garantida. O Paraguai é uma equipe consistente e segura, conta com bons jogadores e se credenciou após boa campanha nas eliminatórias. Passar de fase era barbada. Faz parte do processo de aquisição de uma confiança perdida ao longo do tempo. O país luta para se livrar da incômoda fama de depósito de muambas. Elegeu um presidente ninfomaníaco que busca mais espaço no cenário internacional. Os jogadores paraguaios estão espalhados por alguns dos principais campeonatos do mundo e atuam com uma garra e uma vontade impressionantes.

ESLOVÁQUIA

Diferentemente dos vizinhos tchecos, os eslovacos não apresentaram um futebol vistoso e de habilidade. Mas organização, força e muita vontade foram suficientes para fazê-los superar a indecisa e ultrapassada Itália. No duelo entre as duas seleções, venceram com autoridade e se garantiram em segundo na chave. O país é estável, política e economicamente, e os jogadores atuam com calma e confiança. Faltam valores individuais que os coloquem em situação melhor do que a de meros coadjuvantes.

NOVA ZELÂNDIA

Só de estarem na Copa já era uma vitória e tanto. Não almejavam nada além de disputar mais uma vez a competição. Mas não imaginavam acabar em terceiro no grupo, à frente da poderosa Itália, com direito a um empate com os atuais campeões mundiais. Uma façanha e tanto para um time amador e que só foi à África a passeio.

sábado, 26 de junho de 2010

GRUPO E

Grupo bacana, bons jogos, quatro equipes velozes, fortes e com futebol bacana de ver.

HOLANDA

Não fez nada além do que se esperava. Garantiu o primeiro lugar do grupo com três vitórias e um futebol de acordo com sua tradição. Os holandeses tem uma conjugação rara de velocidade, habilidade, técnica e força. Tivessem mais jogadores talentosos como Robben, tranquilamente seria a seleção favorita ao título. Mesmo contando com atletas oriundos de colônias fora da Europa, não apresentam problemas que implodiram outras seleções, como a França, por exemplo. Como já disse neste blog, um país liberal, progressista, alegre, de mentalidade jovem, resulta numa seleção com as mesmas características. Pega a Eslováquia na próxima fase e tem tudo para seguir adiante.

JAPÃO

Se passar de fase era a pretensão inicial dos japoneses, após as boas apresentações no grupo E já até sonham em ir mais além na Copa. O Japão aos poucos vai se soltando e mostrando o quanto assimilaram bem o estilo de jogo do maior contingente estrangeiro em sua liga de futebol, o brasileiro. Futebol rápido, mas consistente, seguro, organizado, com alguns jogadores mostrando uma habilidade incomum. Tão apegado às tradições, o Japão foi o país que mais recebeu influência externa, ocidental, depois da Segunda Guerra. O reerguimento da nação, que hoje é uma das maiores economias do planeta em muito se deve aos estrangeiros que ali investiram. A Liga de Futebol profissional, a J-League, abriu as portas para treinadores e jogadores de vários cantos do mundo, sobretudo sul-americanos. E isso acabou influenciando a forma de atuar dos nipônicos. Quando Zico era técnico da seleção nacional, disse que se os japoneses conseguissem adquirir confiança e perder o medo, seriam difíceis de suplantar. Pelo visto isso está ocorrendo e já não podem mais ser encarados como presas fáceis.

DINAMARCA

A boa campanha nas eliminatórias deixou a impressão de que os dinamarqueses fariam boa campanha na Copa. Comandados por Morten Olsen, integrante da "Dinamáquina" dos anos 80, chegaram com moral à disputa na África. Mas o futebol apresentado pelos 'vikings' não chegou nem perto da fama que os precedia. Velocidade eles tiveram, mas o jogo da seleção esbarrou na má performance dos principais jogadores. Fizeram garande partida diante de Camarões, num dos melhores jogos da competição, porém esbarraram num Japão absolutamente impecável na decisão da segunda vaga do grupo. Voltaram mais cedo e agora devem passar por uma reformulação que devolva o estilo perdido nesta Copa.

CAMARÕES

A deficiência tática comum aos africanos ficou evidente na campanha camaronesa. Com alguns bons jogadores, não mostraram padrão de jogo e nem consistência nas partidas disputadas. Com muita força e velocidade, bem que tentaram encarar holandeses e dinamarqueses, mas não tiveram competência para resistir. Saíram com três derrotas que evidenciaram a fragilidade do esquema e da própria equipe.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

GRUPO D

Disputado e difícil, como se previa, o grupo C mostrou o bom futebol da Alemanha e a classificação por um fio de Gana, única seleção africana a passar de fase.

ALEMANHA

O time alemão é apontado como candidato ao título desde sempre, por todo o retrospecto em Copas. Mas o futebol surpreendeu. Recheado de jovens valores campeões europeus nas competições de base, fugiu do padrão germânico baseado na força e na superação. Toque de bola, criatividade, coisas que há muito não víamos no selecionado, estiveram presentes. Reflexo de uma nação que se renova. Com um dos maiores percentuais de jovens entre a população dos países mais importantes da Europa, economia poderosa, alto índice de qualidade de vida, poder político e refúgio dos mais procurados por imigrantes da Ásia e da Europa, a Alemanha reinventa seu futebol. O time tem descendentes ou jogadores naturalizados de várias proced~encias, como poloneses, turcos, brasileiros, numa mistura impensável e improvável há alguns anos. Garantiu a vaga numa vitória simples sobre Gana, mas deixaram a sensação de que vão caminhar muito na Copa. O problema é que pegam a Inglaterra nas oitavas-de-final. Aí entram outros componentes, muito além do futebol.

GANA

Seleção africana menos badalada do que Camarões, Nigéria ou Costa do Marfim, Gana foi, no entanto, a única do continente a se garantir nas oitavas-de final da Copa. E num grupo difícil como este. A campanha não foi nada animadora, mesmo assim se deram bem, graças a vitória sobre os sérvios e o empate com a Austrália, além de perderem somente de 1 a 0 para a Alemanha. O time é jovem, inexperiente, mesmo que conte com atletas que atuam na Europa. Pelo entusiasmo e apoio da torcida podem superar os Estados Unidos e conseguir uma vaga entre os oito melhores, o que já seria uma façanha.

SÉRVIA

Mais uma decepção. Os sérvios não justificaram o temor dos adversários, exceto na partida contra os alemães, quando venceram. Futebol pragmático, conservador, limitado. Outra seleção que reflete o país. A Sérvia ainda não se abriu para a Europa, não se renovou, busca se adaptar à independência e autonomia. Mas mantém a pose. A desclassificação pode ser boa para abrir a cabeça dos dirigentes e para forçar a renovação do time.


AUSTRÁLIA


Os australianos podem ir para casa satisfeitos. Fizeram campanha digna, dentro das possibilidades, e dificultaram a vida de Gana e Sérvia. O futebol apresentado é o de sempre, mas aos poucos vão aprendendo a lidar com as particularidades de uma Copa do Mundo. Ficaram em terceiro na chave. Não demonstraram em campo maiores pretensões. Coisas de um país rico, bem resolvido, distante das convulsões sociais e políticas do resto do mundo.

GRUPO C

O grupo C foi um dos mais imprevisíveis. Jogos disputados, alguns feios, outros emocionantes, mostrou quatro equipes de estilos distintos e que disputaram as duas vagas até a rodada final.

INGLATERRA

Outra seleção decepcionante nesta Copa até aqui. A Inglaterra custou a se classificar, mostrando um futebol burocrático e sem criatividade, ao contrário do que se esperava, tal a qualidade de vários jogadores. O English Team do italiano Fábio Capello mostrou exatamente o pragmatismo típico de italianos e britânicos. O fato de terem a liga de futebol mais cara e disputada da Europa parece que afetou os atletas, já que demoraram a perceber que estavam em uma competição diferente e absolutamente singular como a Copa do Mundo. Dava para visualizar a velha autosuficiência inglesa, tão prejudicial ao longo da história, no sempblante dos jogadores. Mas passaram para a segunda fase e terão um teste de fogo, justamente contra os alemães, grandes rivais de outras batalhas, dentro e fora dos gramados.

ESTADOS UNIDOS

Quando falei a respeito dos Estados Unidos, neste blog, citei a capacidade de superação e o poder de reação dos ianques, em tudo quanto é esporte. Mesmo não tendo uma equipe brilhante e não obtendo dos próprios cidadãos americanos o respaldo necessário, já que o futebol naquele país está longe da preferência do público, o time é aplicadíssimo e dotado de uma incrível capacidade de luta. Felizmente não há espaço na equipe para a arrogãncia e a falta de respeito que são vistas em outras modalidades esportivas dominadas por eles. Com grande preparo físico e psicológico, aliados à natural consciência tática, ofereceram alguns dos melhores momentos da chave, com reações heróicas diante da Inglaterra (com a colaboração do goleiro adversário, é bom que se diga) e da Eslovênia, e uma vitória emocionante e vibrante sobre a Argélia, numa das melhores partidas do mundial. A presença de Bill Clinton na platéia desta peleja mostra o quanto a turma do Obama tem feito para representar, mesmo que como coadjuvante, o país mais poderoso do mundo.

ESLOVÊNIA

A Eslovênia representou bem o futebol da extinta Iugoslávia. Com um time inexperiente e repleto de jogadores inocentes, ainda que alguns dotados de boa técnica e habilidade, não teve a força necessária para superar os adversários. Mas saiu de cabeça erguida, vencendo os argelinos, empatando com os norte-americanos e perdendo pelo placar mínimo para os favoritos ingleses. E viram a vaga nas oitavas fugir com o gol de Donovan contra a Argélia, nos acréscimos. Para um país novo, em sua segunda competição seguida, foi uma boa experiência.

ARGÉLIA

Eu confesso que esperava mais da Argélia na Copa. Tradicionalmente uma equipe rápida e forte, não provou nesta Copa o destaque que vinha tendo antes do torneio começar. O país colonizado pelos franceses parece que se inspirou nos antigos colonizadores e saiu mais cedo do mundial. O time tem a velocidade tradicional, mas pecou nos demais quesitos. Nenhum jogador se destacou e faltou personalidade. Parecia que não acreditavam em si mesmos.

GRUPO B

O grupo que eu considerava imprevisível confirmou a expectativa. Resultados surpreendentes e campanha irretocável da Argentina.

ARGENTINA

A dúvida se o time de Maradona teria o conjunto necessário para os vários bons jogadores que dispunha se dissipou logo na estréia diante da Nigéria. Com um meio de campo envolvente, em que se destacam Messi e Verón, fazendo jus à tradição deles, cravaram a primeira posição com três vitórias e um estilo de jogo agressivo e técnico ao mesmo tempo. Maradona resgatou a moral e a alegria do país, já que sua imagem divina perante os compatriotas funciona como catalisador e disseminador daquela autoconfiança comumente confundida com arrogância. Se mantiverem a humildade vista até então, passam pelo México. Se deixarem a soberba e o menosprezo tomarem conta, caem diante do adversário.

CORÉIA DO SUL

Velocidade, experiência e boa dose de atrevimento. Com esses ingredientes os coreanos carimbaram o passaporte para a fase seguinte e encaram os uruguaios. O time é fraco, tanto no aspecto físico quanto no técnico, mas reflete o papel desempenhado pelos coreanos no cenário internacional. Economia pujante, povo valente, empreendedor, com grandes empresas e indústrias. São atrevidos e não demonstram medo. Não creio que afinem diante do Uruguai, mas vão precisar de muito mais para superar os sul-americanos.

NIGÉRIA

Decepção é a palavra para designar a campanha da Nigéria. Considerado um dos mais fortes times africanos, com jogadores conhecidos, não conseguiu mostrar em campo o cartaz que carrega. Endureceram contra os argentinos, poderiam até mesmo empatar, mas perderam para os gregos uma partida que não podiam. Não havia unidade nem esquema de jogo organizado. Jogadores sem inspiração e aparentemente sem confiança. Talvez o medo de represálias e da pressão governamental tenham afetado o rendimento dos nigerianos.

GRÉCIA

Mesmo desclassificados os gregos entraram para a história. Pela primeira vez o país venceu uma partida de Copa do Mundo e se apresentou com dignidade perante adversários de mais qualidade e tradição. A Grécia atravessa uma crise econômica e institucional sem precedentes, passa por um dos momentos mais difíceis da sua existência e mesmo assim os jogadores demonstraram confiança, raça e dedicação. O futebol é o de sempre, muita força e marcação, e até se arriscaram em jogadas individuais e de velocidade, como na vitória sobre a Nigéria.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

GRUPO A

Cheguei a dizer que este era um dos mais difíceis grupos da Copa. Nem tanto pelo alto nível dos componentes, mas pelo equilíbrio de forças. Não creio que houve grande surpresa. Vejamos:

FRANCA

A classificação suada e irregular da França já prenunciavam o que viria a acontecer. A seleção gaulesa enfrenta uma crise há muito tempo. Jogadores não se entendem, o treinador não tem comando, o time não tem conjunto e a pressão era enorme. Muitos atletas de origens e característica tão diferentes dificilmente formam um grupo coeso se não houver organização e comando. A França é um país cada vez mais heterogêneo. A grande leva de imigrantes e refugiados tem gerado problemas internos gravíssimos e distúrbios sociais violentos. O selecionado francês retrata essa diversidade e mostra o quanto uma equipe nacional é reflexo do país. Foi embora mais cedo que gostaria, e vai certamente propiciar mudanças profundas e radicais.

ÁFRICA DO SUL

O objetivo maior dos anfitriões era passar para a segunda fase. O time foi valente, voluntarioso e fez o possível para conseguir o objetivo. Mas nem o barulho intermitente das vuvuzelas foi suficiente para se chegar a este fim. A alegria dos sul-africanos contrastou com a pouca qualidade técnica e com a falta de experiência da equipe dirigida pelo supervalorizado Carlos Alberto Parreira. Embora tenha sido a primeira seleção de um país sede a cair na primeira etapa da competição, fez o que pode e ainda ganhou da França, o que já é um belo retrospecto.

URUGUAI

Quem acompanhou o Uruguai nas eliminatórias e quem tem uma visão mais abrangente não se surpreendeu tanto com a campanha dos charruas. O time não é nenhuma beleza, tem poucos jogadores de alto nível, mas carrega consigo a tradição e a mística celeste, ainda que isso não seja garantia de nada. A organização imposta pelo treinador e a boa fase de alguns jogadores fizeram do Uruguai o líder e maior força deste grupo. Vai pegar a traiçoeira Coreía do Sul e já vislumbra a vaga nas quartas-de-final da competição. O momento do time retrata a atual situação do país, que tenta se reerguer economicamente depois de anos atolado em crises. O país, que já foi chamado de Suíça da América, atravessa período de crescimento, o que ocasionou a volta do patriotismo e confiança dos seus cidadãos. É o que estamos vendo nos gramados sul-africanos.

MÉXICO

Outro que não chega a ser surpresa na próxima fase é o México. Há muito tempo a equipe vem pleiteando vaga entre os grandes do futebol mundial, mas sempre esbarrou na própria limitação e na crônica falta de confiança. Como uma das economias emergentes e força política da região, mostra em campo mais domínio dos nervos e segurança na hora de encarar os adversários. Não sei se é suficiente para suplantar o próximo rival, nada menos que a Argentina. Mas não deve ser subestimado.

BALANÇO DA PRIMEIRA FASE

Quando criei o blog o principal objetivo era, além de matar a curiosidade de muita gente a respeito da origem dos nomes dos países, também relacionar a forma de jogar e a característica dos atletas com a história das nações, o quanto isso influencia no jogo e na atitude dos jogadores. Acho que está virando uma viagem quase alucinógena a maneira como alguns analistas, jornalistas ou não, fazem das equipes. É um tal de 4-3-2-1 pra lá, 3-5-2 pra cá, num festival de números que, com toda certeza, nem sequer passam pela cabeça de treinadores e jogadores. Resumir um jogo de futebol, em especial numa Copa do Mundo, com todas as suas nuances e complexidades, a uma prancheta é uma tremenda presunção. Mas como todos nós, seres humanos, carregamos pelo menos uma dose de pretensão, vou aqui tentar analisar o desempenho das seleções nesta fase inicial da Copa. Sempre tendo como ângulo de visão o lado historico, comportamental e genético da coisa.